domingo, 4 de julho de 2010

Sonhei que matei.
Escolhi e atirei.
Ela sorria.
Esfaqueei por garantia.

A bala entrou e
O sangue saiu.
O sorriso ficou.

A faca entrou e
Ela caiu.
O sorriso ficou.

Acordei,
Levantei,
No espelho olhei:
Sorria.

Parei de sorrir,
No espelho olhei:
Sorria.

Sorriso de garantia
De que não mais sonharia
Com sorrisos mortos
De mortos por mim.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Quero a efemeridade
Permitida pela minha idade
Quero beber, fumar e fazer amor
Ou sexo
Trocar fluidos não fere ninguém!

Amar fere
Amizade fere
Efemeridade não fere!
Simples solução
Para problema de uma existência...

Culpa do amor ou
Culpa? Culpa do homem que ama
Culpa do homem que não sabe amar
Culpa do homem que é e nem sabe se é
Culpa do homem que não sabe o que quer...

Posso querer amar ou amo sem querer?
No calor do momento, amamos...
Na frieza do pensamento, desistimos...
Ferimos e
Somos feridos.
Choramos e
somos chorados.

Amar ou fazer sexo?
Perguntas sem nexo (no meio do sexo)
Você me ama?
Agora sim, depois pensarei.

Prefiro deixar a vida correr
Que seja, se for para eu sofrer.
Sexo, farei!
Amarei!
Pensarei!
Chorarei!
De que importa?
No fim, de qualquer forma,
Morrerei...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O meio, por favor!

http://www.youtube.com/watch?v=kffacxfA7G4
O que me chateia não é esse vídeo ter mais de cem milhões de exibições. Eu também assisti, acho divertido. Precisamos de momentos fúteis ou então enlouqueceremos. Ao mesmo tempo, precisamos de momentos eruditos, ou então nos afogaremos na merda da nossa cultura de massa. Erudição sem futilidades leva à loucura, isolamento social, falta de adequação à contemporaneidade. Futilidades sem erudição levam a ser nada, a só saber besteiras e simplesmente esperar a morte... Ficar vagando por aí. Não por falta de corpo como as almas penadas, mas por falta de alma. Tudo é corpo, roupa, dinheiro, sexo e pura merda! Qual o problema em achar um equilíbrio no meio disso tudo? Somos seres humanos, metamorfoses ambulantes! Podemos, sim, ser eruditos descolados, felizes e bem-resolvidos socialmente! Ou então podemos ser fúteis com conhecimento literário e político. (Mas aí já entramos na discussão sofista de copo meio cheio ou meio vazio. Não me prestarei a isso). Escolham entre os dois, pelo amor de Deus, ou do Diabo! Só não sejam loucos ou simplesmete coprófagos de nada! Sidarta disse: "O caminho certo é o do meio". Os que eu propus estão no meio. Andem, entrem neles!

Um pouco de máscara de mergulho para vocês:
Um vídeo com pouco mais de duas mil exibições... Por quê? Não quero me colocar como exemplo de adolescente, mas... Qual o problema em assistir aos dois vídeos? Vamos lá, gente! Querem mudança ou não?!
http://www.youtube.com/watch?v=j_OGlOlx4JU

Me desculpem se fui mal-educado hoje. Essa falsidade da nossa geração que vive usando Ghandi por aí ("Devemos ser a mudança que queremos ver.") me irrita e decepciona profundamente. Isso é uma súplica: sejamos mesmo a mudança! Não deixemos que o mundo se afogue em merda! (Não existe palavra melhor, não tem jeito!)

Encerro o post de hoje com mais coisas a dizer, mas que ainda estão brigando dentro de mim... Isso explica possíveis contradições no que escrevi hoje. Se perceberem, perdoem. Obrigado.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Loucura normal

Normalidade é convenção social. O ser humano nasce, estuda, faz faculdade, casa, tem filhos, ajuda a criar os netos, morre. Quem não seguir o "roteiro normal" pode correr sérios riscos de ser classificado como louco. Pior: quem não pensa ou age de acordo com a maioria tornar-se-á insano assim que alguém perceber suas diferenças e "alterações" de comportamento. Há um sério risco nessa rotulação de pessoas. O risco de desumanizar o humano. A graça toda da nossa espécie está justamente na peculiaridade e importância de pensamentos e visões diferentes do mundo de cada um.

Galileu Galilei era louco. Por quê? Porque decidiram classificá-lo como tal. Afinal, o Sol gira em torno da Terra. Quem disser o contrário é louco, pronto. Definitivamente, normalidade é convenção social. Imagine então um homem solteiro que decide adotar uma criança dentro de uma sociedade loucamente conservadora. Esse vai ser doente mental completo. Por quê? Porque homem tem que construir família, ter filhos, netos. A loucura só é real quando prejudica alguém. Louco é quem mata, rouba, rasga dinheiro. Louco é quem rotula os outros e fere uma das coisas mais preciosas: a diversidade.

Rotulemos garrafas de refrigerante. Seres humanos são diferentes e têm que ser diferentens. É essa diferença que gera discussões sadias e provoca mudanças. Condenemos os loucos que matam. Condenemos os loucos de Brasília. Afinal, a Terra gira em torno do Sol e ser solteiro até a morte não tem nada demais. Ser triste, rotulado e um "zero à esquerda" na sociedade é que não pode. Façamos a diferença. Sejamos loucos diante dos verdadeiros loucos!

sábado, 3 de abril de 2010

Em processo de produção.

Estou trabalhando em alguns temas platônicos para publicar aqui nos próximos dias, ou semanas, ou meses. Enquanto isso, para deixar este blog menos abandonado, publicarei um texto de Martha Medeiros. Achei-o no site www.releituras.com. Visitem!

Enfim, acho que é isso. Com a palavra, Martha Medeiros:




35 anos para ser feliz

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

Martha Medeiros (Outubro de 1998)